Sócrates, um dos maiores filósofos da humanidade, foi um divisor de águas na Filosofia. Ele promoveu uma mudança significativa no rumo das discussões sobre a VERDADE e o CONHECIMENTO. Antes dele, os filósofos que passaram a ser chamados de pré-socráticos, concentraram-se em encontrar o FUNDAMENTO de todas as coisas da natureza física. Sócrates, por sua vez, estava mais interessado em NOSSA RELAÇÃO COM OS OUTROS E COM O MUNDO. Segundo seus discípulos, pois ele mesmo nunca deixou nada escrito, Sócrates teria tomado a inscrição do Templo de Delfos como inspiração para construir sua filosofia: “CONHECE-TE A TI MESMO”.
Essa mesma inscrição, em latim, “Nosce te ipsum”, está arquivada na memória de todos os irmãos e alicerça o brasão da minha Grande Loja Maçônica de Mato Grosso do Sul.
Com essa frase, “Conhece-te a ti mesmo”, que é o resumo de tudo que se espera da maior de todas as viagens, abro aqui as cortinas da minha oração. Uma oração a ser dita em língua universal, pois ela será emoldurada pelo mais humano de todos os sentimentos: A GRATIDÃO.
Nessa oportunidade, proclamo um culto à Maçonaria de hoje e de ontém. Dirijo-me aos meus irmãos para falar da alegria que invade minha alma por fazer parte desse seleto grupo de homens do Bem. Homens que, ensinados pela obra maçônica, estão em permanente busca do maior de todos os bens: A VERDADE. Homens que ajudaram, desde o primórdio dos tempos, como pedreiros e arquitetos de almas, a edificar a história da nossa humanidade e a construir o futuro da nossa civilização.
Essa instituição que sempre esteve presente, muitas vezes como protagonista, nos momentos mais decisivos da história da nossa humanidade e, como não poderia deixar de ser, nos momentos mais marcantes do nosso país. Só para exemplo, cito aqui alguns desses momentos: Proclamação da Independência do Brasil; Abolição da Escravatura; Proclamação da República; dentre tantos outros momentos importantes da nossa história.
Não se pode esquecer, também, de sua participação, como ponta de lança, em diversas questões nacionais, como: anistia para presos políticos, durante períodos de exceção, com estado de sítio, em alguns governos da República; a luta pela redemocratização do país, que fora submetido, desde 1937, a uma ditadura, que só terminaria em 1945; participação, através das Obediências Maçônicas européias, na divulgação da doutrina democrática dos países aliados, na 2ª Grande Guerra (1939 - 1945); combate ao posterior desvirtuamento do movimento de 64, que gerou o regime autoritário longo demais; luta pela anistia geral dos atingidos por esse movimento; trabalho pela volta das eleições diretas, depois de um longo período de governantes impostos ao país.
Enfim, foram muitas e realmente decisivas as participações da maçonaria na vida nacional. E a sua participação na história do nosso Mato Grosso do Sul, não foi diferente. Na Revolução Constitucionalista de 1932, o povo do Sul do Estado de Mato Grosso, liderado por grandes nomes da Maçonaria local, rompeu com o poder e instalaram o novo Estado de Maracaju, cuja capital ficou sendo Campo Grande e a sede de governo foi implantada na Loja Maçônica da Av. Calógeras. Infelizmente, a vida do novo Estado foi curta, mais a idéia da divisão teve vida longa. Quase cinqüenta anos depois, mais uma vez com o apoio da Maçonaria, o antigo Estado foi dividido e nasceu o nosso novel Mato Grosso do Sul.
Mas, a participação da Maçonaria não foi apenas em episódios históricos da vida do Estado. Muitas obras sociais e muitas edificações (creches, abrigos, asilos e escolas) foram realizadas pela Maçonaria. Destaco, na oportunidade, a criação da Fundação Lowtons de Educação e Cultura – FUNLEC. Ela, que foi instituída pela Grande Loja Maçônica de Estado de Mato Grosso do Sul (GLMEMS) e pelas Lojas Jurisdicionadas, é, hoje, mantenedora de um sistema educacional composto por oito unidades escolares, que englobam desde o ensino médio até o superior. Na FUNLEC, sete pontos específicos considerados essenciais para o desenvolvimento social, intelectual e espiritual da pessoa, sempre foram observados: trabalho, pátria, moral, natureza, Deus, nível de ensino e família.
Por tudo isso, não há como não me orgulhar da Maçonaria. Integrada por homens livres e de bons costumes, ligados pelos laços e deveres de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Essa entidade que sempre buscou, como dogma, o combate a ignorância em todas as suas modalidades e que adota, como princípio, a obediência às leis do país, o amor ao próximo, a dignificação da honra e a busca permanente e implacável de justiça – essa benfazeja esperança do mundo, sem a qual o objetivo supremo da vida, que é a felicidade, jamais será alcançado.
Por isso mesmo, aproveito esse marcante momento para fazer alguns agradecimentos. Agradeço às lojas maçônicas do estado de Mato Grosso do Sul, agradeço também às Potências Maçônicas Estaduais: Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso do Sul (GLMEMS), Grande Oriente do Estado de Mato Grosso do Sul (GOB-MS) e Grande Oriente de Mato Grosso do Sul (GOMS), por tudo quanto elas já fizeram e continuam fazendo pelo povo do meu estado de Mato Grosso do Sul. Agradeço, especialmente, àqueles valorosos irmãos que fizeram mais que muitos de nós outros; aqueles irmãos que deram passos mais ousados e que, muitas vezes, sacrificaram o convívio de seus familiares para estarem no front das nossas campanhas; liderando, como destemidos comandantes, as grandes causas defendidas pela nossa gloriosa maçonaria. Muitos nomes me vêm agora à lembrança... Gostaria muito de exaltá-los nominalmente nesse momento, mas, o receio de me esquecer de alguns deles não me permite fazê-lo.
De qualquer modo, não só como irmão, mas também como sul-mato-grossense, aproveito esse momento para agradecer por tudo quanto a maçonaria e esses nossos artesãos do tempo, benfeitores da vida, fizeram pelo nosso Mato Grosso do Sul.
Por isso mesmo, num gesto de gratidão, além de dizer MUITO OBRIGADO, deixo aqui, como expressão da minha vontade, o seguinte testamento: “A cadeira de deputado, que ocupo aqui hoje no parlamento federal, também pertence aos valores da Maçonaria Universal;
Finalmente, o meu agradecimento ao Grande Arquiteto do Universo, por tudo quanto tenho recebido na vida.
E, lembrando, mais uma vez, o nome do grande filósofo, Sócrates, quando o ORÁCULO DO TEMPLO, o proclamou o homem mais sábio da Grécia, ele, humildemente, teria respondido a célebre frase: “Só sei que nada sei”.
E nada sabendo, submeto-me aos influxos da emoção para louvar o sentimento que enaltece e reconhece como universais os valores maçônicos que justificam éticamente a nossa existência.
DEP. FABIO TRAD
PMDB/MS
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